Por Rafael Jácome
A QUESTÃO CRONOLÓGICA
Há
duas cronologias diversas do dilúvio:
Conforme
Gn 7.4, 12, 17, as chuvas duraram 40 dias e 40 noites: “Porque, passados ainda
sete dias, farei chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites; e
desfarei de sobre a face da terra toda substância que fiz.” (Gn 7.4) – “e houve
chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites.” (Gn 7.12) e “E esteve o
dilúvio quarenta dias sobre a terra; e cresceram as águas e levantaram a arca,
e ela se elevou sobre a terra.” (Gn 7.17)
Ao cabo de 40 dias, Noé abriu a janela da arca
e soltou, primeiramente, um corvo, depois por três vezes consecutivas, uma
pomba, a fim de verificar o estado da terra (8. 6-12). Depreende-se que entre
estes quatro lançamentos de aves houve, de cada vez, um intervalo de 7 dias.
Cf. 8, 12. 10; donde se tem um total de 21 dias para a descida das águas após
as chuvas – o que perfaz uma duração total de 61 dias para o dilúvio. Alguns
exegetas consideram os quarenta dias mencionados em Gn 8. 6 como um intervalo
entre a cessação das chuvas e o lançamento do corvo. Assim sendo, teve uma
duração total de 101 dias para o dilúvio.
Entretanto,
em Gn 7.11 a enchente começou no 17º dia do segundo mês do ano 600 da vida de
Noé, e durou 150 dias (Gn 7. 24; 8.2): “No ano seiscentos da vida de Noé, no
mês segundo, aos dezessete dias do mês, naquele mesmo dia, se romperam todas as
fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram.” Depois destes, as águas começaram a baixar, de
modo que no primeiro dia do 10º mês apareceram os cumes das montanhas (8.5), no
primeiro mês do primeiro mês do ano 601 a terra toda estava visível (8.14).
Desta segunda computação cronológica se segue que o dilúvio se estendeu de
17/2/600 a 27/2/601. Os israelitas contavam meses lunares, os quais compreendem
29 dias, 12 horas, 44 minutos e 3 segundos. Eles atribuíam aos meses
alternativamente 29 e 30 dias, doze meses, perfaziam um ano de 354 dias.
Todavia, já que o ano solar compreende onze dias mais, inseriam mais ou menos
de três em três anos um mês suplementar, a fim de fazer concordar o seu
calendário com o curso das estações. Portanto, isto quer dizer: a catástrofe
durou um ano lunar de 354 dias, mais 11 dias, ou seja, precisamente um ano
solar de 364 dias.