quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O PADRINHO, O APADRINHADO E A SOCIEDADE DE FAVORES

Irmão Rafael Jácome

        Caros amigos leitores, ontem eu participei do evento da entrega dos diplomas aos deputados estaduais e federais, senadores e da governadora do nosso estado. Mas o que realmente me fez escrever estas poucas linhas, foram as quantidades de pessoas apadrinhadas presentes na solenidade. Começando pela Corte Suprema, tínhamos filhos de desembargadores, irmãos, cunhados, e coisas mais. Da parte dos políticos nem precisa falar, basta ver o histórico da nossa herança política estadual e encontraremos as mesmas realidades e, por fim, no meio da enorme platéia diversas pessoas ávidas do poder dos seus padrinhos.

        Esta prática é milenar, vem desde antiguidade histórica. A única diferença é que não existia a classe média, entretanto ocorria um fenômeno bem parecido com o nosso. Vejam como Thomas Carney em seu livro “ A forma do passado: os modelos e antiguidade”, Lawrence, Coronado Press 1975, apresenta as características sociais da época: “uma sociedade baseada no apadrinhamento, e não na estratificação de classes; havia, então , diversas pirâmides de poder (...) Assim, a estrutura social parecia um conjunto de pequenas pirâmides de influência, cada uma liderada por uma família importante, ou uma grande pirâmide liderado por uma autocracia – bem diferente do sanduiche em três camadas formado pelas classes alta, média e baixa da sociedade industrial (...) O indivíduo que era apadrinhado por algum detentor do poder também se tornava um homem importante, e passava a ser procurado por outras pessoas que buscavam a sua proteção. Mesmo esses indivíduos que estavam indiretamente ligados aos poder agiam com padrinhos de outras pessoas, que se encontravam numa posição inferior em relação a sua. Surgem, então, pirâmides de poder separadas – formadas pelo padrinho, seguido de seus apadrinhados diretos, apadrinhados secundários, e assim por adiante.”

        Pergunto aos meus nobres companheiros blogueiros: é diferente a realidade atual? Quantos filhos de desembargadores são juízes? ... E assim continua a onda de apadrinhamentos. É um negócio vantajoso, atraente, lucrativo (portanto, necessita de investimentos), e, assim como na antiguidade, ainda hoje é alicerçada sob duas colunas: a troca (escambo) de favores e a corrupção.

        Meus amigos, o apadrinhamento é um processo corruptível. Desde aquela época cidades inteiras poderiam ser premiadas pelas ações de indicações para cargos públicos, promoções ou outros tipos de privilégios. É o que acontece hoje, basta ver a enorme quantidade de cargos e postos de trabalhos criados pelo atual governo federal.

        Ávidos pelo poder, os integrantes desta rede estão atentos para a composição dos novos indicados para assumirem os seus postos públicos no governo que iniciará no próximo mês.

DEU É FIEL!                                        Rafael Jácome







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