Fonte:
Do UOL, no Rio
Cerca de 4,8 milhões de crianças de até 14 anos estão
seriamente expostas a riscos de doenças, pois residem em domicílios sem
estrutura de saneamento básico ou em condições inapropriadas, de acordo com o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os dados fazem parte da
amostra Síntese de Indicadores Sociais, divulgada nesta quarta-feira (28).
O órgão considerou residências nas quais não havia, em 2011,
simultaneamente, abastecimento de água por meio de rede geral, esgotamento
sanitário de rede geral ou fossa séptica ligada à rede coletora, e o lixo não
era coletado direta ou indiretamente.
O destaque negativo da pesquisa é a região Nordeste, onde
17,2% das crianças se encontravam vulneráveis. O Sudeste, por sua vez, aparece
com 3,7%. A proporção a nível nacional é de 10,7% da população nessa faixa
etária, isto é, 4,8 milhões de pessoas.
Já 21,9 milhões de crianças (48,5%) residiam em domicílios
nos quais pelo menos um serviço (água, esgoto ou lixo) não era adequado, com
ampla vantagem para a ausência de esgotamento sanitário de rede geral ou fossa
séptica (46,2%), em todo o país --a maioria (67%) no Nordeste.
No geral, 69,4% dos domicílios urbanos brasileiros
declararam, em 2011, ter acesso simultâneo aos serviços de saneamento --houve
crescimento de quase oito pontos percentuais em relação a 2001. No entanto,
segundo o IBGE, o quadro ainda é insuficiente, já que, no ano passado, 30,6%
(cerca de 16 milhões) dos domicílios ainda não tinham acesso ao saneamento
adequado.
Falta de políticas de saneamento
No início de novembro, dados do IBGE mostraram que 71,8% dos
municípios não possuíam, em 2011, uma política municipal de saneamento básico.
A estatística corresponde a 3.995 cidades que não respeitam a Lei Nacional de
Saneamento Básico, aprovada em 2007.
A maioria (60,5%) não tinha acompanhamento algum quanto às
licenças de esgotamento sanitário, além da drenagem e manejo de águas pluviais
urbanas e do abastecimento de água. Em quase metade das cidades do país
(47,8%), não há órgão de fiscalização da qualidade da água.
Segundo a "Pesquisa de Informações Básicas
Municipais", a Munic, divulgada no dia 13 de novembro, 1.569 cidades
possuíam políticas dessa natureza, isto é, 28,2% dos 5.564 municípios
brasileiros. A Lei 11.445, que dispõe sobre diretrizes nacionais para o
saneamento básico, determina que todas as cidades devem elaborar seus
respectivos planos municipais.
Coleta de lixo
Pouco mais de 32% dos municípios no país (1.796) possuem
programa, projeto ou ação de coleta seletiva de lixo em atividade, segundo a
pesquisa do IBGE. Por outro lado, 2.376 cidades (42,7%) continuam sem qualquer
tipo de iniciativa relacionada à coleta seletiva.
SEM COLETA SELETIVA
2.376 cidades - Não possuem política municipal de coleta seletiva.
1.070 cidades - Não têm programa, mas desenvolvem algum tipo de ação ou
programa piloto.
184 cidades - Possuem projeto piloto de coleta seletiva em áreas
restritas.
138 cidades - Iniciaram programas de coletiva seletiva, que foram interrompidos
posteriormente. A maioria (55) em função da ausência de locais adequados para
triagem. Já 3,3% dos municípios possuem projeto piloto de coleta
seletiva, mas apenas em áreas restritas. Enquanto isso, 2,5% das cidades
chegaram a iniciar programas dessa natureza, porém interromperam por motivos
não especificados.
Considerando o serviço de limpeza urbana, a região Sul se
destaca no estudo sobre o perfil dos municípios brasileiros, com 663 cidades
nas quais há coleta seletiva --o que representa 55,8% em relação ao resto do
país. O Sudeste, com 41,5% (693 cidades), ocupa o segundo lugar do ranking
regional.
Por outro lado, as regiões Norte e Nordeste possuem as
maiores proporções de municípios sem programas, 62,8% (282) e 62,3% (1.118),
respectivamente. De acordo com o IBGE, a coleta seletiva é mais frequente nas
grandes cidades: 68,2% (193) dos municípios com mais de 100 mil declaram
possuir programa em atividade.
Essa é a primeira vez que o IBGE investiga a infraestrutura
municipal de saneamento básico, antes analisada apenas pela PNSB (Pesquisa
Nacional de Saneamento Básico), cuja última edição foi publicada em 2008.
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