segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A DIALÉTICA DO APÓSTOLO PAULO

Por Rafael Jácome




 

        Esta semana quando falei com um amigo sobre o papel do apóstolo Paulo e o apresentei como o primeiro pensador dialético da história da Teologia Cristã, o cara ficou louco, mandou que eu procurasse aonde estava escrito tal coisa na Bíblia e que eu estava misturando as coisas. Por fim, ele deixou claro: "Isto é coisa de comunista, você é um  cristão!"
        Aprendi que em alguns momentos é melhor silenciar, porém, não consegui segurar minha língua e larguei: "Companheiro, estou falando de Paulo enquanto consolidador do pensamento cristão. Não é absurdo, é discernimento que Jesus proporcionou a ele,para encaminhar uma nova postura de vivência evangélica nas primeiras comunidades cristás." Desta forma, solicitei ao amigo para ele lêr este texto blogado em 18 de abril de 2010, e que coloco para meus leitores.
 

domingo, 18 de abril de 2010


APÓSTOLO PAULO O PRIMEIRO PENSADOR DIALÉTICO DA HISTÓRIA DA TEOLOGIA CRISTÃ



Irmão Rafael Jácome


        Indiscutivelmente o apóstolo Paulo foi um dos grandes construtores da expansão da teologia cristã. No seu histórico de perseguidor da Igreja de Deus com frenesi, tentando destruí-la a fiel escudeiro da sua doutrina dos “libertos da lei”, ele transformou a realidade das primeiras comunidades cristãs. Tarefa árdua e conflitante tendo em vista que ele pregava para todos, em especial para os gentios, oferecendo a condição de poderem se tornar cristãos e juntarem-se a casa de Israel sem guardar as leis judaicas.

 

        Israel tinha na lei o seu alicerce, não obedecê-la era uma ofensa grande aos costumes judaicos. Paulo com ousadia declarou que os gentios não deveriam preocupar-se com ela, mas como então conscientizar-los da necessidade do evangelho? Estas duas frentes marcaram a luta do apóstolo que teve de realizar algumas proezas de sofismas intelectuais, tornando-se desta maneira o primeiro pensador da história dialética da teologia cristã.

 

        Paulo teve o seu encontro com Jesus Ressuscitado onde lhe foi revelado sua missão, mas teve que esperar por 14 anos para confrontar suas idéias com os assim denominados “Colunas de Jerusalém” (Pedro, Tiago e João). A sua viagem teve o propósito de “colocar perante eles o evangelho que prego entre os gentios, para, de algum modo, não correr ou ter corrido em vão” (Gl 2.1-2). Apesar da revelação de Deus para Paulo, ele precisou de tempo para sedimentar seu entendimento e a forma como trabalhar as implicações de sua lógica no seu próprio sentido de missão.

 

        Paulo recorria das suas experiências para absorver sua missão. Em sua unidade com Jesus, no discernimento do Espírito Santo, ele consolidava sua pregação do evangelho aos gentios. Tal fato é um exemplo evidente da nossa tese que é a ATIVIDADE QUE CAPACITA O SUJEITO. Isto resultou que proclamando sua mensagem, ela passaria a converter outros gentios, num claro convite divino para que todas as nações se juntassem à casa de Israel e sem precisar ser circuncidados para sentarem-se à mesa com os “santos”. Além disto, esta liberdade da lei construiu na teologia paulina uma visão dual do mundo e da existência humana de maneira que todos os assuntos legais poderiam ser classificados como anteriores e, portanto inferiores ao mundo da existência cristã.

 

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