Por Rafael Jácome
Fonte: Extraído do Livro História do Cristianismo
A.Knight e W. Anglin
Fonte: Extraído do Livro História do Cristianismo
A.Knight e W. Anglin
Agostinho, bispo de Hipona, foi uma das luzes mais resplandecentes
que jamais brilharam na igreja. Descendia de uma família nobre, e nasceu em
Tegaste, uma pequena aldeia da Numídia, no ano 364. 0 pai era pagão, mas a mãe,
que se chamava Mônica, era uma senhora muito piedosa, de cujos conselhos fiéis
e carinhosos Agostinho sempre se recordava com ternura. Ambrósio conhecia-a
bem e disse-lhe: '.'Tenha coragem; um filho de tanta oração e lágrimas nunca se
poderá perder". Agostinho recebeu uma boa educação e bem depressa ficou
sendo o primeiro aluno na escola de retórica; mas mesmo na sua mocidade era
notável pelo seu péssimo comportamento. Costumava enganar os seus professores e
os seus pais com mentiras sem conta, e estava tão escravizado pela gula que
chegava a praticar furtos na mesa e na adega de seus pais. A sua consciência
estava adormecida.
O pai de Agostinho morreu enquanto o
filho era ainda muito novo, mas morreu só depois de as orações de Mônica a
favor de seu marido obterem resposta e ele ter achado paz para a sua alma no
Salvador de sua esposa. Animada por este fato, a piedosa senhora continuou a
orar por seu filho, confiada em que a sua fé seria recompensada, apesar de a
resposta à sua oração parecer que tardava. Desde os dezenove até aos vinte e
oito anos foi Agostinho professor de retórica; e indo para Cartago durante este
período foi imediatamente reconhecido como o melhor retórico da cidade. Mas
apesar disso o seu mau comportamento continuou, e ele confessou que o desejo
de obter os louvores do povo era a paixão que dominava a sua vida. Mas isso não
era ainda tudo. A sua sede de popularidade juntava-se uma grande concupiscência
que o seduzia e que o conservou preso à maldade por muitos anos. Pouco mais ou
menos por esse tempo chegou-lhe às mãos uma cópia do "Hortenses", de
Cícero, que lhe fez uma certa impressão e obrigou-o a refletir, mas a filosofia
humana não era adequada à profunda necessidade da sua alma, e o livro não lhe
forneceu um bem permanente. Depois disto teve a desgraça de ler ainda outros
livros de filosofia que o afastavam cada vez mais da verdade, e só no ano 384,
quando visitou Milão, é que foi capaz de se
desembaraçar das malhas enganadoras da rede das mentiras. Foi ali que, sob o
conselho de Ambrósio, ele começou a estudar as Escrituras Sagradas com o mais
feliz resultado. Ficou imensamente impressionado, e viu, pela primeira vez, a
sua deformidade moral no espelho da verdade divina. Ficou admirado com a sua
maldade e, desde então, procurou a Deus com toda a sinceridade. Ouvindo falar
em certa ocasião, da conversão de alguns fidalgos romanos, exclamou: "Esta
gente toma o reino do Céu à força, enquanto nós, com a nossa sabedoria, estamos
vivendo no pecado". Por fim, depois de uma disciplina de alguns meses e
de uma espera penosa mas proveitosa, foi convertido por meio de Ambrósio. Sua
mãe, tendo visto satisfeito o seu último desejo na terra morreu no ano
seguinte, exclamando na linguagem do velho Simão: "Agora, Senhor, despedes
em paz a tua serva, pois já os meus olhos viram a tua salvação".
Depois da sua conversão, Agostinho
esteve retirado pelo espaço de três anos, e durante esse tempo estudou as
Escrituras Sagradas com muito aproveitamento.
Quando tornou a aparecer em público
foi ordenado presbítero, e foi um pregador célebre em Fippo Rígio, onde alguns
anos mais tarde foi elevado a bispo. Por todo o resto da sua vida continuou
sempre a ser um fiel ministro da verdade, e distinguiu-se principalmente pela
habilidade e energia com que combatia as doutrinas de um herege, Mani, e as de
Pelágio. Afirmam muitos que o zelo de Agostinho contra Pelágio conduziu-o a
crer no fatalismo, e talvez esta acusação seja justa.
Porém o seu tema favorito foi sempre a
livre graça de Deus, porque, como Paulo, sabia de que tinha sido libertado, e
podia gloriar-se nas palavras do apóstolo: "Pela graça somos salvos por
meio da fé; e isto não vem de nós: é dom de Deus" (Ef 2.8).
Este bispo fiel morreu em Hipona, no ano
430, justamente quando os vândalos sitiavam a cidade.
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