Por Rafael Jácome
Nestes
dias fui abordado sobre a atuação e influência dos teólogos e das ações da
Teologia da Libertação na Doutrina Social da Igreja na América Latina. Busquei
nos meus arquivos e encontrei este escrito, que em poucas palavras descreve as
principais influências desta teologia que marcou a história dos movimentos
sociais ligados a igreja e a esquerda do continente.
Analisemos alguns pontos da Teologia da
Libertação, sem estudos aprofundados, mas explorando alguns temas defendidos
pelos mesmos:
A Teologia da Libertação e a Igreja na América Latina animada pelas reuniões de
Medellin e Puebla buscavam a resposta de como ser cristão num mundo de pobres e
como fazer com que a fé cristã fosse fermento de promoção e libertação humana.
Era importante encontrar o equilíbrio onde a fé não se diluísse numa ideologia
libertária, mas que se conservasse como a história. Leonardo Boff um dos
principais teólogos da libertação, declarava que os bispos aprofundaram a opção
pelo povo e pelo pobre, onde a partir do lugar do explorado analisavam a
realidade sócio-econômica e religiosa, detectavam o profundo e crescente abismo
entre ricos e pobres e profeririam uma palavra profética e evangélica,
postulando inovações estruturais em nossa sociedade.
No contexto da dimensão social a situação era caracterizada por Puebla de
“pecado social” (n.17) e de “permanente violação da dignidade social” (n.22), a
posição era o combate: “A igreja condena aqueles que tendem a reduzir o espaço
da fé ávida pessoal ou familiar, excluindo a ordem profissional, econômica,
social e política, como se o pecado, o amor, a oração e o perdão não tivessem
aí relevância” (n.381). Na realidade a busca era “encontrar os melhores passos
que conduzissem à paz da sociedade e à conversão do coração de cada homem. A
consciência mais aguda do caráter oneroso do caminho, dos possíveis desvios,
retrocessos e emperramentos, nos pode conferir mais humildade e temperança em
nossas afirmações”. Declarava Leonardo Boff.
Para as questões latentes dos textos de Puebla, os teólogos da libertação eram
a favor da contribuição da tradição marxista na análise da realidade. Pegando
carona no método de Paulo Freire do ver, julgar e agir, partia-se da percepção
e análise da realidade (social). Em tese, consistia que na medida em que a
consciência se torna crítica, supera o mero empirismo (descrição e justaposição
dos fatos) e o simples funcionalismo (considera a sociedade a partir das
instituições e das distintas funções ou disfunções) e chega a uma análise mais
estrutural e dialética da realidade, de modo especial aos conflitos sociais,
onde as forças produtivas questionam as relações de produção.
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