sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O JARDIM DO ÉDEN E AS NARRATIVAS HISTÓRICAS DA CRIAÇÃO

Irmão Rafael Jácome

            Segundo o livro de Genesis existe uma descrição sobre um jardim em um lugar denominado Éden. A sua provável área compreendia o território da Babilônia, possivelmente o Egito e as regiões do Mar Negro. Os rios o que formavam eram: Tigre, Eufrates, Guiom – que rodeava a terra de Cuche, e o Pison – que rodeava a terra de Havitá. Atualmente apenas os rios Tigre e Eufrates existem, os outros dois desapareceram, talvez devido a grande extensão territorial desta área, as constantes modificações que a crosta terrestre tem sofrido ou mesmo, por causa do dilúvio.

        No relato bíblico o aparecimento do homem ocorreu na região da Mesopotâmia. Apesar dos milênios decorridos, ainda hoje encontramos as características citadas do jardim do Éden: o clima, as frutas, a topografia, enfim, fatos que constatam a exuberância da região. Na verdade é um belo jardim cheio de lindos vales férteis e plantações de frutas variadas.
       

        É neste contexto do Éden que os principais relatos da criação do mundo são apresentados na Bíblia. Entretanto, como colocamos em escritos anteriores, a nossa abordagem será feita em base do contexto histórico do período em que eles foram criados e as civilizações daquela época.

        A bíblia em Genesis Cap. 2 nos revela que: “ 8 E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, da banda do Oriente, e pôs ali o homem que tinha formado. 9 E o Senhor Deus fez brotar da terra toda árvore agradável à vista e boa para comida, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal. ...15 E tomou o Senhor Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar. 16 E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim comerás livremente, 17 mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”

        Flagrantemente na cultura dos sumérios encontramos relatos da criação do mundo paralelos aos relatos bíblicos. Em tabletes contendo escritos cuneiformes encontrados nas ruínas da cidade de Nínive, existem relatos citando que quando os céus acima não estavam ainda formados, e, embaixo, na terra, as plantas não tinham crescido, o abismo também ainda não tinha sido limitado, o Apsu (identificado com as águas doces dos rios), sua esposa Tiamat (o mar salgado) e Mummu, o Ventre do caos, eram a força criadora de todos eles. Segundo os teólogos os nomes “Apsu” e “Tiamart” podem ser traduzidos como “abismo”, “vazio” ou ”fosso sem fundo”. Representam a ausência de uma identidade. Consequentemente, com o tempo, criaram vários outros deuses, conforme o conhecimento e evolução divina daquele povo.

        Surgiram diversos deuses modernos, ocorreram rebeliões e lutas e Marduk passou a ser o mais forte entre todos e decidiu criar um novo mundo. Era necessário estabelecer a ordem, criar liturgias especiais e ter encontros com os deuses em Babilônia - centro da nova terra, construir um templo. Daí surgiu à construção do grande zigurate em homenagem a Marduk. Por fim, ele criou a humanidade, misturando o sangue do deus Kingu (morto por Marduk) com o pó. Isto caracterizou que o homem nasceu da substância de um deus, portanto, os deuses e os seres humanos partilhavam da mesma situação, porém diferentes quanto à natureza poderosa e imortal dos deuses.

        Era comum nas culturas das civilizações daquela época a morte de um deus, a busca da deusa e o retorno triunfante a origem divina. Assim o mito de Marduk e Tiamat provavelmente influenciou os hebreus em seus escritos, porém estes apresentaram uma história ligada a sua lealdade ao Deus único, o Deus de Abraão e Moisés. A bíblia que foi escrita séculos depois, aproximadamente no século VIII a.C, utilizou de fontes narrativas anteriores.

DEUS É FIEL!                                          Rafael Jácome

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