sábado, 11 de dezembro de 2010

O JARDIM DO ÉDEN E AS NARRATIVAS HISTÓRICAS - A QUEDA DE SATANÁS E DO HOMEM

Irmão Rafael Jácome

        Continuando as abordagens do relato bíblico da criação e os escritos da civilização mesopotâmica, encontramos um documento assírio bastante aproximado do fato da queda do satanás, que é descrito de uma forma bastante poética, conforme parte de seus trechos:

“ O deus dos santos cânticos, o senhor da religião e do culto, estabeleceu milhares de cantores e músicos e um bando coral, para que seus hinos fossem respondidos por multidões... Com altos brados de contentamento, eles irromperam o seu santo cântico.

O deus da luz coroado com o desejo de seus adoradores, soou o retinir da trombeta, e os mortos acordaram. Os quais proibiram os anjos rebeldes de votar; ele parou os seus serviços e mandou-os aos deuses seus inimigos; no seu lugar criou a humanidade, e o primeiro que recebeu a vida morou com ele.”

        Também nos seus relatos os mesopotâmicos citam em suas tradições a queda do homem e a sua relação com a serpente. Aliás, os estudos das civilizações antigas demonstram que várias delas em suas fábulas narram a existência da serpente, um pequeno animal, demais venenosa, que provoca tanto mal e que é estreitamente ligada ao episódio da queda do homem.

        Encontramos nos escritos caldeus, onde o dragão de Tiamat, o deus do mar, é ligado a queda, como a serpente bíblica. Em sua mitologia entre outras imagens, percebemos uma que contém duas figuras assentadas de lado de uma árvore, tendo uma delas um fruto na mão, e por detrás, uma serpente. Os historiadores acreditam que segundo a concepção caldaica, o dragão, que leva o homem a pecar, é uma criatura de Tiamat, o princípio vivente do mar e do caos, e é uma encarnação do princípio da desordem e do caos, que se opunha ao princípio da criação e da ordem.

        Em outras civilizações antigas, tanto no oriente como no ocidente, existiam lendas da destruição da serpente. No jardim de Hespérides, três irmãos, assistidos pelo dragão Ladon, guardavam a árvore que produzia maçã de ouro. Temos no mito de Hércules a morte da serpente enviado por Juno para destruí-lo; a de Apolo matando a serpente de Pitom; que deviam ter as mesmas origens. Nas tradições hindus encontramos o rei do mal, denominado de rei das serpentes, onde possuía no seu inferno diversas espécies venenosas. Em suma, em todas elas as serpentes provocavam verdadeiros horrores e muitas de suas lendas e fábulas giravam em torno delas.

        Na verdade o contexto dos fatos narrados em Gênesis, encontrava-se espalhados entre todos os povos antigos, mesmo que apresentados de formas e em tempos diferentes, não tira o fundo histórico da bíblia. É claro que sua narrativa não constitui um patrimônio hebreu, pois encontramos em outros povos as mesmas idéias e cogitações. Tendo em vista a questão territorial e os costumes, é perfeitamente óbvio e natural que estas civilizações mantivessem uma tradição comum quanto as origens da vida humana, dos céus e da terra. Quanto aos seus deuses multiplicavam-se conforme suas necessidades e conhecimentos divinos, mas as origens erão as mesmas.

        Os hebreus, no entanto, foram fiéis ao seu único Deus, criador de todas as coisas.

DEUS É FIEL!                         Rafael Jácome

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