Por Rafael Jácome
Desde
os primórdios da história das civilizações os relatos da criação do mundo e do
homem constituem um dos maiores fenômeno literários da humanidade. As buscas
para as descobertas do grande mistério da origem da vida e do cosmo fizeram com
que as civilizações passadas, criassem narrações repletas de imaginação,
fantasias e mitos. Os povos pré-históricos, os sumerianos, egípcios, assírios,
babilônicos, os gregos e sua mitologia e tantos outros de religiões
politeístas, escreveram sobre este fenômeno numa perspectiva territorial de
abrangência local. Com o surgimento dos relatos bíblicos, a universalidade do
fenômeno passa a ser de um único Deus. Os hebreus destacaram que a criação foi
uma ação exclusiva de Deus, onde Ele chamou para si tudo quanto existe: “No
princípio, criou Deus os céus e a terra.” (Gn 1.1), a terra era sem forma e
vazia, d’Ele é a origem da vida, a criação do homem e da natureza e o poder
soberano sobre todas as demais coisas. O apóstolo Paulo escreve citando o livro
de Gênesis que "Pela fé entendemos que os mundos,
pela palavra de Deus, foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi
feito do que é aparente" (Hb 11.3). Para tanto, Deus não necessitou
de nenhuma pré-matéria para criar o Universo; sua palavra foi suficiente. Na
bíblia o evento da criação representa uma ação de tirar do nada e, segundo o
Dicionário Teológico de Andrade a palavra criar é empregado três vezes no primeiro capítulo do Gênesis: 1) quanto à origem da
matéria, v. 1; 2) acerca do começo da vida, v. 21; 3) sobre o início da alma do
homem, v. 27. “A sabedoria do mundo nunca conseguirá dar outra resposta
satisfatória a esses três pontos.” As diversas narrativas exploram o sentimento
humano de buscar em outras dimensões, principalmente na espiritual, a resposta
para suas dúvidas e suas perspectivas dos adventos históricos, como ressalta
Chauí:
“A
narrativa sagrada é a história sagrada, que os gregos chamavam de mito. Este
não é uma fabulação ilusória, uma fantasia sem consciência, mas a maneira pela
qual uma sociedade narra para si mesma seu começo e de toda a realidade,
inclusive o começo ou nascimento dos próprios deuses. Só tardiamente, quando
surgir à filosofia e, depois dela, a teologia, a razão exigirá que os deuses
não sejam apenas imortais, mas também eternos, sem começo e sem fim. Antes,
porém, da filosofia e da teologia, a religião narrava teogonias (do grego:
theos, deus; gonia, geração) isto é, a geração ou nascimento dos deuses, semi
deuses e heróis.” (Marilena Chaui, 1997)
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