Desde o início da relação entre Deus e o homem grandes
fatos históricos foram pactuados entre o Criador e a criatura, que diante do
projeto divino para a humanidade foram realizadas diversas alianças necessárias
para que, mesmo quebradas, nunca fossem interrompidas. Um dos pontos de
conflitos desta relação foi à criação do universo e a incessante procura da
verdade dos fatos criacionista, mas, a ação gerou em si mesma a abordagem da
dúvida. Os gregos, por exemplo, acreditavam na existência de uma matéria
original, da qual procederiam todas as coisas. A ciência com seus avanços tenta descobrir e
refazer essa ação misteriosa e distante do conhecimento humano. Entretanto, é
na bíblia que se encontra a maior referência literária mundial deste evento,
constituindo-se numa ferramenta de fé e afirmação do caráter incondicional de
Deus em relação às coisas sagradas instituídas na vida cotidiana do homem. A
vida é introduzida, não foi apenas uma simples construção, mas um poder
criativo: todas as formas de vida animal da terra e da água e do universo estão
envolvidas nas ações do Senhor. Assim sendo, as coisas que não foram reveladas
pertencem a Deus, e só serão apresentadas no momento apropriado: “As coisas
encobertas são para o Senhor, nosso Deus, porém as reveladas são para nós e
para nossos filhos, para sempre, para cumprirmos todas as palavras desta lei.”
(Dt 29.29).
Nesta perspectiva as obras humanas caracterizaram-se
injustas por quererem construir pontes para superar um abismo intransponível a
partir da situação humana, gerando dúvidas em relação à tradição herdada. Mas,
o homem quis continuamente conhecer a verdade e cercado de dúvidas não foi
motivo de separação de Deus? Segundo o filósofo e teólogo Paul Tillich, não
houve separação. Isto por que:
“A
dúvida significa na verdade uma confissão na busca pela verdade. Como para o
fiel toda verdade tem de ser divina (se algo é verdade, não pode provir do “pai
da mentira”), toda verdade é, de fato, expressão da Verdade. Não pode haver
duas verdades, uma natural e outra sobrenatural. A dúvida, então, é expressão
da Verdade através do reconhecimento de sua ausência. (...) A dúvida é, pois,
inerente à fé, e não pode ser vencida por qualquer forma de repressão cognitiva.
Ela tem de ser vivenciada com coragem, e a coragem aponta para uma vitória
sobre a dúvida que engloba a manutenção da dúvida. Se nada da dúvida
permanecesse, a coragem não seria coragem. A vitória da coragem sobre a dúvida
é real, mas fragmentada.” TILLICH, A dinâmica da fé- p-16-9 e 65-6.
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