Por Rafael Jácome
O princípio básico para qualquer
pessoa realizar sua missão como sujeito ativo da história, é o uso da
autoridade expressada por sua consciência. Jesus através da sua existência
humana foi a maior expressão de uso de autoridade, pois realizou sua vida sob o
alicerce de uma missão divina, que Deus lhe confiara e de forma ilimitada amor
até o fim para o bem da humanidade. Tudo dentro do contexto verticalizado,
mesmo diante da existência terrena, da relação com o Pai, expressão máxima da
consciência divina que Ele tinha de si.
Desde
os primórdios da minha iniciação religiosa aprendi que o homem tem sede de
infinito e de tudo tenta para atingir as suas mais profundas aspirações. Em
diversos outros escritos relacionei a necessidade antropológica humana, como
dizia Nietzsche – amarrado ao “marco do momento”, da busca incessante de encontrar o lugar
ideal de seu repouso, da sua paz, da sua felicidade, da sua necessidade de
amor. Dentro deste contexto descobri a essência da palavra METAFÍSICA, quando li
no livro Confissões de Agostinho a frase: “não tem descanso enquanto não
repousa em Ti”, conclui que a dialética entre o tempo do mundo e a história do homem com a eternidade, não
sobrepõe uma a outra, ou seja, o tempo e a história estão contextualizados e
radicados na eternidade e na ação criadora de Deus. Quando o homem relaciona-se
em profundidade com Deus e na perspectiva da “transcendência para o alto”
ocorre o encontro com o Criador. Entretanto, quando o homem busca o seu próprio
caminho e constrói o seu futuro com suas próprias mãos, ele cai na
horizontalidade do materialismo, do secularismo ou do ateísmo, isto é, na
alienação humana.
Nos
evangelhos e nos testemunhos dos apóstolos encontramos com clareza a natureza e
o dinamismo da transcendência de Jesus Cristo, embora na condição humana de
“Filho do homem”, é consciente de sua origem divina. Em João 3.13 encontramos:
”Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do homem.”
João Batista também testemunha: “ Aquele que vem de cima é sobre todos, aquele
que vem
da terra é da terra e fala da terra. Aquele que vem do céu é sobre
todos. Porque aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, pois não lhe dá
Deus o Espírito por medida. O Pai ama o Filho e todas as coisas
entregou nas suas mãos.” (Jo 3.21-32). Jesus também deu seu testemunho
pessoal e o mistério transcendente de seu ser: “Respondeu Jesus e
disse-lhes: Ainda que eu testifico de
mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro, porque sei de onde vim e para onde
vou”. (Jo 8.14); “ Saí do Pai e vim ao mundo; outra vez, deixo o mundo e vou
para o Pai.” (Jo 16.28); Jesus é o “ Verbo que se fez carne... Cheio de graça e
de verdade...Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no
seio do Pai, este o fez conhecer” (Jo 1.14-18)
Lendo
um dos escritos de Giovanni Marchesi,
teólogo italiano, onde declara que o surgimento da fé da igreja está alicerçada
na autoridade soberana de Jesus: “a própria autoridade é sujeito e também
sustentáculo de sua palavra de revelação e de sua ação salvifica. A sua
autoridade é toda uma com a sua consciência de uma missão divina, recebida do
alto e com a que ele se identifica pessoalmente em cada estádio de sua
existência”(Giovanni Marchesi – La Storia de Gesu e la sua conscienza – 1984 - 431-443). Jesus exerceu sua autoridade de
forma autentica e os seus ensinamentos, curas, milagres, sermões, expulsão de
demônios,... Testemunhavam sua consciência divina e sua identidade messiânica –
o Messias Prometido. Atônitos, os chefes judeus perguntavam: “Com que
autoridade fazes isso?” Jesus deixa claro que ela vem de Deus (do alto) e não
dos homens. Mt 21.24 Insatisfeitos e revoltados tentavam de várias formas
combater a sua identidade, mas sempre escutaram com precisão: “Tu o disseste”
(Mt. 26.64); “Eu o sou” (Mc 14.62)
A
autoridade de Jesus fundamenta
a sua credibilidade e indica um poder soberano que pertence unicamente a
Deus. Quem com ele se encontra e fala, se ver forçado a sair do ambiente do
qual veio e se transforma com naturalidade, libertação e sem constrangimento.
Segundo Giovanni Marchesi a palavra autoridade (exousia) no sentido
propriamente teológico significa a soberania absoluta de Deus, Criador do mundo
e do homem. É aquela absoluta possibilidade de agir que é própria de Deus. Jesus
em sua realidade escatológica agiu conforme a mão de Deus, falou com a boca e
autoridade do Pai: “No curso de sua vida e de sua missão entre os homens,
Ele exerceu sua autoridade
fundamentalmente em três âmbitos complementares, são eles: o seu ensino “feito
com autoridade”; as obras de poder ou milagres; a comunicação de seu poder
divino aos apóstolos, fundando a igreja.”
DEUS É FIEL! Rafael Jácome
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