terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O Abismo da Borda do Mundo

Fonte: Brasil: Terra à Vista- Eduardo Bueno
 
     Embora seu país fosse banhado pelo Atlântico, os portugueses nunca haviam desafiado o Mar Tenebroso, um território mitológico e desconhecido. Os próprios árabes acreditavam que as "portas" daquele oceano eram guardadas, com a ajuda de um dragão, pelas "ninfas do Ponete", as Hespérides, filhas do gigante Atlas. Disposto a chegar à Guiné - de onde provinha o ouro que enriquecia Ceuta - D. Henrique decidiu enfrentar os perigos do atlântico. Os marujos de Sagres desesperaram-se, pois acharam que seus navios iriam despencar no abismo do fim do mundo; a maioria deles acreditava que a Terra era plana, como uma bandeja. Para além desses terrores imaginários, eles tiveram que enfrentar uma série de perigos reais: os ventos e as correntes contrárias, as longas calmarias sob o sol inclemente e as súbitas tempestades. Os marcantes, além disso, deparavam com estranhos fenômenos meteorológicos - como o chamado "fogo de São Telmo" (correntes elétricas que atingiam os mastros) - e com incríveis animais marinhos: peixes imensos, enormes polvos, baleias descomunais. Tais seres deram origem ao mito das sereisa e das serpentes marinhas - sempre prontas, na febril imaginação dos marujos, a devorar seus navios.
     Mas D. henrique exortou-os a seguir adiante.

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