segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O Efeito Devastador da Seca

Por Rafael Jácome


     Recebi uma ligação de um amigo falando da situação da seca que assola a sua cidade. É deprimente e preocupante, pois as pessoas não suportam mais e os pequenos produtores estão desesperados. Declarou que um homem de meia idade, não vendo mais possibilidade em reverter a situação da escassez de água e comida e a conseguente morte dos animais, num ato de loucura retirou-se de sua residência e suicidou-se com uma corda em uma árvore. Cenas chocantes como esta é difícil de aceitar e provoca revolta na população que não tem com quem contar.

     O mestre Patativa do Assaré, poeta e filósofo nordestino, conseguiu em diversos momentos de sua vida, transmitir a realidade do povo do nordeste brasileiro. Leia este seu escrito:

Setembro passou, com outono e novembro,
Já estamos em dezembro.
Meu Deus, o que será de nós?
Assim fala o pobre do seco Nordeste,
Com medo da peste,
Da fome feroz.

A treze do mês ele fez a experiência, Perdeu a sua crença
Nas pedras de sal.
Mas noutra experiência com gosto se agarra,
Pensando na barra
Do alegre Natal.

Rompeu-se o Natal, porém a barra não veio,
O sol, bem vermelho,
Nasceu muito além,
Na copa da mata, buzina a cigarra,
Ninguém vê a barra,
Pois a barra não tem.

Sem chuva na terra descamba janeiro,
Depois fevereiro,
E o mesmo verão.
Então o roceiro, pensando consigo,
Diz: isso é castigo!
Não chove mais não!
{.....}
E vende  o seu burro, o jumento e o cavalo,
Até mesmo o galo
Vendeu também,
Pois logo aparece feliz fazendeiro,
Por pouco dinheiro
Lhe compra o que tem.

Em cima do carro se junta a família;
Chegou o triste dia,
Já vai viaja.

A seca terrível, que tudo devora,
Lhe bota pra fora
Da terra natal.

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