Por Rafael Jácome
Fonte: Os 100 acontecimentos históricos do Cristianismo
A. Kenney
Géssio Floro amava o
dinheiro e odiava os judeus. Como procurador romano, governava a Judéia e pouco
se importava com as sensibilidades religiosas. Quando a entrada de impostos era
baixa, ele se apoderava da prata do Templo. Em 66, quando a oposição cresceu,
ele enviou tropas a Jerusalém para crucificar e massacrar alguns judeus. A ação
de Floro foi o estopim para uma revolta que já estava em ebulição havia algum
tempo.
Fonte: Os 100 acontecimentos históricos do Cristianismo
A. Kenney
Erguido no fórum de
Roma, o Arco de
Tito celebra a vitória em Jerusalém
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No século anterior, Roma não tinha tratado
os judeus de maneira adequada. Primeiramente, Roma havia fortalecido o odiado
usurpador Herodes, o Grande. Apesar de todos os belos edifícios que construíra,
Herodes não conseguiu lugar no coração das pessoas.
Arquelau, filho de Herodes e seu sucessor-,
era tão cruel que o povo pediu a Roma que lhe desse um alívio. Roma atendeu a
esse pedido enviando diversos governadores: Pôncio Pilatos, Félix, Festo e
Floro. Eles, assim como outros, tinham a tarefa, nada invejável, de manter a
paz em uma terra bastante instável.
O espírito independente dos judeus nunca morreu. Eles olhavam
com orgulho para os dias dos macabeus, quando se livraram do jugo de seus
senhores sírios. Agora, suas desavenças mesquinhas e o fabuloso crescimento de
Roma os colocavam novamente sob o comando de mãos estrangeiras.
O clima de revolução continuou durante o governo de Herodes.
Os zelotes e os fariseus, cada um à sua maneira, queriam que as mudanças acontecessem.
O fervor messiânico estava em alta. Jesus não estava brincando quando disse que
as pessoas falariam: "'Vejam, aqui está o Cristo!' ou Ali está
ele!'". Esse era o espírito da época.
Foi em Massada (formação rochosa
praticamente inexpugnável, que se eleva próximo ao mar Morto, onde Herodes
construiu um palácio e os romanos ergueram uma fortaleza) que a revolta judaica
teve seu início e um fim trágico.
Inspirados pelas atrocidades de Floro,
alguns zelotes ensandecidos decidiram atacar a fortaleza. Para surpresa de
todos, eles a conquistaram, massacrando o exército romano que estava acampado
ali.
Em Jerusalém, o capitão do Templo, quando
interrompeu os sacrifícios diários a favor de César, declarou abertamente uma
rebelião contra Roma. Não demorou muito para que toda a Jerusalém ficasse
alvoroçada, e as tropas romanas fossem expulsas ou mortas. A Judéia se
revoltou, e a seguir a Galiléia. Por um breve período de tempo, parecia que os
judeus estavam virando o jogo.
Céstio Galo, o governador romano da região, saiu da Síria com
20 mil soldados. Cercou Jerusalém por seis meses, mas fracassou, deixando para
trás seis mil soldados romanos mortos e grande quantidade de armamentos que os
defensores judeus recolheram e usaram.
O imperador Nero enviou Vespasiano, general
condecorado, para sufocar a rebelião. Vespasiano foi minando a força dos
rebeldes, eliminando a oposição na Galiléia, depois na Transjordânia e por fim
na Idu-méia. A seguir, cercou Jerusalém.
Contudo, antes do golpe de misericordia,
Vespasiano foi chamado a Roma, pois Nero morrera. O pedido dos exércitos
orientais para que Vespasiano fosse o imperador marcou o fim de uma luta pelo
poder. Em um de seus primeiros atos imperiais, Vespasiano nomeou seu filho,
Tito, para conduzir a guerra contra os judeus.
A situação se voltou contra Jerusalém, agora
cercada e isolada do restante do país. Facções internas da cidade se
desentendiam com relação às estratégias de defesa. Conforme o cerco se
prolongava, as pessoas morriam de fome e de doenças. A esposa do sumo
sacerdote, outrora cercada de luxo, revirava as lixeiras da cidade em busca de
alimento.
Enquanto isso, os romanos empregavam novas máquinas de guerra
para arremessar pedras contra os muros da cidade. Aríetes forçavam as muralhas
das fortificações. Os defensores judeus lutavam durante todo o dia e tentavam
reconstruir as muralhas durante a noite. Por fim, os romanos irromperam pelo
muro exterior, depois pelo segundo muro, chegando finalmente ao terceiro muro.
Os judeus, no entanto, continuaram lutando, pois correram para o Templo — sua
última linha de defesa.
Esse foi o fim para os bravos guerreiros
judeus — e também para o Templo. Josejo, historiador judeu, disse que Tito
queria preservar o Templo, mas os soldados estavam tão irados com a resistência
dos oponentes que terminaram por queimá-lo.
A queda de Jerusalém, essencialmente, pôs
fim à revolta. Os judeus foram dizimados ou capturados e vendidos como
escravos. O grupo dos zelotes que havia tomado Massada permaneceu na fortaleza
por três anos. Quando os romanos finalmente construíram a rampa para cercar e
invadir o local, encontraram todos os rebeldes mortos. Eles cometeram suicídio
para que não fossem capturados pelos invasores.
A revolta dos judeus marcou o fim do Estado
judeu, pelo menos até os tempos modernos.
A destruição do Templo de Herodes significou mudança no culto
judaico. Quando os babilônios destruíram o Templo de Salomão, em 586 a .C, os judeus
estabeleceram as sinagogas, onde podiam estudar a Lei de Deus. A destruição do
Templo de Herodes pôs fim ao sistema ‘sacrificai judeu’ e os forçou a contar
apenas com as sinagogas, que cresceram muito em importância.
Onde estavam os cristãos durante a revolta judia? Ao lembrar
das advertências de Cristo (Lc 21.20-24), fugiram de Jerusalém assim que viram
os exércitos romanos cercar a cidade. Eles se recusaram a pegar em armas contra
os romanos e retiraram-se para Pela, na Transjordânia.
Uma vez que a nação judaica e seu Templo
tinham sido destruídos, os cristãos não podiam mais confiar na proteção que o
império dava ao judaísmo. Não havia mais onde se esconder da perseguição
romana.
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