quinta-feira, 7 de junho de 2012

DO CAOS O HOMEM CRIOU OS SEUS DEUSES (5)


Por Rafael Jácome


A influência das crenças foi fundamental para o pensamento humano e formação da cultura mundial, onde entre as suas principais características marcantes é o fato da efetivação do dualismo – Doutrina que admite a coexistência de dois princípios opostos entre si: o bem e o mal, a alma e o corpo, a paz e a guerra, o amor e o ódio, o espírito e a matéria, a verdade e a mentira, o certo e o errado,...  Mas quem será capaz de definir o que é o certo ou o errado na humanidade? Os deuses.  O homem na terra decide conforme suas leis, mas tudo é fruto das ações dos deuses. Na religião persa, vemos tal doutrina desenvolvida ao extremo. A tal ponto que o mal é considerado um anti deus. Segundo o Dicionário Teológico de Andrade o dualismo era bastante presente na cultura grega e um exercício praticado pelas várias correntes do pensamento grego que buscavam distinguir o material do espiritual. Nesse labor, os estóicos chegaram às raias da insensatez. O filósofo Epítecto, por exemplo, considerava o corpo o maior entrave para o desenvolvimento integral das faculdades espirituais. Num de seus escritos, anseia pelo dia em que será liberado da carne para sublimar-se no ideal. 

Atualmente vivemos uma época de crise que envolve os diversos aspectos da nossa vida – crise econômica, crise política, crise da ciência, crise dos sentimentos, crise das idéias,... Em suma, o homem está em crise:

 “viver um momento de crise significa viver um momento de mudanças, de contrastes, de busca de soluções, de substituição de um mundo de incertezas por outro, onde os valores sociais anteriores, já sem significação, não respondem aos nossos anseios. É todo um processo de transformação integral, e tão rápidas e tão profundas são as transformações que nos sentimos muitas vezes abalados. Nossas idéias e sentimentos são a todo instante questionados, muitas vezes sentimos tristeza, desânimo, apatia – é como se nos faltasse uma integração interior, como se nosso centro de força não mais nos pertencesse: está sempre fora, nos padrões e valores que, espera-se, cumpramos satisfatoriamente. No entanto, esses padrões e valores perderam o sentido, como que se esvaziaram, e ainda não existem outros para substituí-los. É natural que tal situação provoque medo por toda a insegurança e ansiedade que gera e por tudo que pode trazer de novo, e o novo sempre assusta... Se pudéssemos com se fossemos os senhores dos nossos destinos, precisaríamos tanto temer a vida?”(Aquino, Rubim Santos Leão de, História das sociedades: das comunidades primitivas às sociedade medievais – Livro Técnico, 1980 )

             

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