quinta-feira, 7 de junho de 2012

DO CAOS O HOMEM CRIOU OS SEUS DEUSES (6)

Por Rafael Jácome



          Nos séculos XIV, XV e XVI com as crises sociais do período medieval e o surgimento da burguesia que desestruturava as forças feudais e da igreja, o mundo teve que se reorganizar, constituindo desta forma os Estados Nacionais, onde procuraram ampliar o comércio através da expansão marítima em busca de novas rotas comerciais. No entanto, as transformações não ocorreram somente na economia, mas também no seio da igreja romana com o cisma da igreja Bizantina no mundo oriental, em Constantinopla e por fim na reforma protestante liderado por Martin Lutero e um grupo de alemães que protestaram contra os abusos do poder da igreja da época; além disso, ocorreram enormes mudanças na cultura ocidental.
Para desmistificar o poder da igreja medieval, surgiu o Humanismo, um movimento intelectual que afirmava o homem como o centro de todas as coisas, ou seja, tudo era obra do homem. No campo das artes, letras, filosofia e ciências, surgiu o Renascimento com alto grau de teor de espírito crítico, onde a Razão apurava a veracidade dos fatos e das informações contidas nos documentos da Antiguidade Clássica. O homem era concebido como sujeito do conhecimento, como afirma Aquino:

“Era ele quem iria apreender o objeto, a realidade da qual faria representações... A partir do século XVII veio em um crescente até os nossos dias: pode-se mesmo afirmar que a teoria foi assumida, na modernidade, consciente e progressivamente, não mais como a visão geral daquilo que se apresentava, mas como visão geral que se tinha da realidade, ou melhor, a antecipação daquilo que se iria apresentar,... aquilo que o distingue dos outros seres, a Razão, passa a ser o elemento supremo desse sujeito, uma vez que é ela que confere a certeza, a verdade e a validade das representações.” (Aquino, Rubim Santos Leão de, História das sociedades: das comunidades primitivas às sociedade medievais – Livro Técnico, 1980)

            As ciências desenvolveram-se extraordinariamente, a idéia de progresso fazia com que o homem estivesse em pleno movimento, de descobertas e rompimento das antigas instituições e crenças. Deus era questionado e posto em dúvida, não aceito muitas vezes no conhecimento humano. Surgiram grandes nomes da história da humanidade: René Descarte fundamentou o racionalismo, Bacon, Locke, e alguns iluministas do século XVIII desenvolveram o empirismo; A Teoria Moderna foi sintetizada por Newton no domínio da realidade física, através do Método Experimental; Kant e demais iluministas no domínio da realidade humana e social, para determinar as leis naturais e provar a importância das liberdades individuais. Mais adiante, no século XIX, surgiu o método Científico onde alguns dos seus representantes eram Dilthey, Karl Marx e Friedrech Engels. Com a intensificação do Nacionalismo, do imperialismo e do colonialismo, os interesses econômicos e políticos eram ditados pelos governantes. Foi assim que surgiu, através de Karl Marx, o Materialismo Histórico como teoria e recorria-se ao Método Dialético – tendo por base o nível econômico como fator determinante das transformações na vida dos homens.
            Paralelamente a tudo isto, as religiões buscavam formas para conseguirem manterem-se no poder, elas também deveriam passar por transformações e foram acompanhando sempre o pensamento dominante, muitas vezes fugindo dos seus papéis transcendentais e divinos. Nas três maiores religiões monoteístas: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, as crises foram instauradas entre os seus seguidores, muitas vezes descrentes dos seus próprios papéis dentro do contexto atual da humanidade, no processo de integração entre as várias economias e sociedades dos vários países, especialmente no que se refere à difusão de informações, na busca de um mundo de paz, amor, esperança, caridade, salvação, perseverança,... Diante da própria incapacidade humana de não encontrar respostas aos seus principais conflitos, e, com o avanço tecnológico adquirido, o homem ainda não é capaz de construir a sua própria história universal, sem ser diferenciado dos muitos modelos construídos tempo atrás. Ainda hoje através da religião ele disputa por espaços,  por mais fiéis, patrimônios, doutrinas, costumes, e muitas vezes proporciona “guerras santas” para perpetuar seus poderes. A cidade bíblica de Jerusalém ilustra bem esta realidade, conforme declara Armistrong:

“A velha Jerusalém continua dividida entre as três religiões que lutam entre si pelo domínio territorial da cidade: Yerushalayim, santa para os judeus, Jerusalém, santa para os cristãos e Al Qods, santa para os muçulmanos” ( Karen).

         

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