Por Rafael Jácome
Nos séculos XIV, XV e
XVI com as crises sociais do período medieval e o surgimento da burguesia que
desestruturava as forças feudais e da igreja, o mundo teve que se reorganizar,
constituindo desta forma os Estados Nacionais, onde procuraram ampliar o
comércio através da expansão marítima em busca de novas rotas comerciais. No
entanto, as transformações não ocorreram somente na economia, mas também no
seio da igreja romana com o cisma da igreja Bizantina no mundo oriental, em
Constantinopla e por fim na reforma protestante liderado por Martin Lutero e um
grupo de alemães que protestaram contra os abusos do poder da igreja da época;
além disso, ocorreram enormes mudanças na cultura ocidental.
Para
desmistificar o poder da igreja medieval, surgiu o Humanismo, um movimento
intelectual que afirmava o homem como o centro de todas as coisas, ou seja,
tudo era obra do homem. No campo das artes, letras, filosofia e ciências, surgiu
o Renascimento com alto grau de teor de espírito crítico, onde a Razão apurava
a veracidade dos fatos e das informações contidas nos documentos da Antiguidade
Clássica. O homem era concebido como sujeito do conhecimento, como afirma
Aquino:
“Era ele quem iria apreender o objeto,
a realidade da qual faria representações... A partir do século XVII veio em um
crescente até os nossos dias: pode-se mesmo afirmar que a teoria foi assumida,
na modernidade, consciente e progressivamente, não mais como a visão geral
daquilo que se apresentava, mas como visão geral que se tinha da realidade, ou
melhor, a antecipação daquilo que se iria apresentar,... aquilo que o distingue
dos outros seres, a Razão, passa a ser o elemento supremo desse sujeito, uma
vez que é ela que confere a certeza, a verdade e a validade das
representações.” (Aquino, Rubim Santos Leão de, História das sociedades: das
comunidades primitivas às sociedade medievais – Livro Técnico, 1980)
As ciências desenvolveram-se
extraordinariamente, a idéia de progresso fazia com que o homem estivesse em
pleno movimento, de descobertas e rompimento das antigas instituições e
crenças. Deus era questionado e posto em dúvida, não aceito muitas vezes no
conhecimento humano. Surgiram grandes nomes da história da humanidade: René
Descarte fundamentou o racionalismo, Bacon, Locke, e alguns iluministas do
século XVIII desenvolveram o empirismo; A Teoria Moderna foi sintetizada por
Newton no domínio da realidade física, através do Método Experimental; Kant e
demais iluministas no domínio da realidade humana e social, para determinar as
leis naturais e provar a importância das liberdades individuais. Mais adiante,
no século XIX, surgiu o método Científico onde alguns dos seus representantes
eram Dilthey, Karl Marx e Friedrech Engels. Com a intensificação do
Nacionalismo, do imperialismo e do colonialismo, os interesses econômicos e
políticos eram ditados pelos governantes. Foi assim que surgiu, através de Karl
Marx, o Materialismo Histórico como teoria e recorria-se ao Método Dialético –
tendo por base o nível econômico como fator determinante das transformações na
vida dos homens.
Paralelamente a tudo isto, as
religiões buscavam formas para conseguirem manterem-se no poder, elas também
deveriam passar por transformações e foram acompanhando sempre o pensamento
dominante, muitas vezes fugindo dos seus papéis transcendentais e divinos. Nas
três maiores religiões monoteístas: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, as
crises foram instauradas entre os seus seguidores, muitas vezes descrentes dos
seus próprios papéis dentro do contexto atual da humanidade, no processo de
integração entre as várias economias e sociedades dos vários países,
especialmente no que se refere à difusão de informações, na busca de um mundo
de paz, amor, esperança, caridade, salvação, perseverança,... Diante da própria
incapacidade humana de não encontrar respostas aos seus principais conflitos, e,
com o avanço tecnológico adquirido, o homem ainda não é capaz de construir a
sua própria história universal, sem ser diferenciado dos muitos modelos
construídos tempo atrás. Ainda hoje através da religião ele disputa por
espaços, por mais fiéis, patrimônios,
doutrinas, costumes, e muitas vezes proporciona “guerras santas” para perpetuar
seus poderes. A cidade bíblica de Jerusalém ilustra bem esta realidade,
conforme declara Armistrong:
“A velha Jerusalém
continua dividida entre as três religiões que lutam entre si pelo domínio
territorial da cidade: Yerushalayim, santa para os judeus, Jerusalém, santa
para os cristãos e Al Qods, santa para os muçulmanos” ( Karen).
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