Muitos
estudos da história da religião revelaram que o homem é um animal espiritual e,
para defini-la a partir do contexto da antiguidade (período Pré-histórico), é
necessário ter prudência. Primeiro devido à dificuldade que existe para
classificar o fenômeno religioso através de simples testemunhos naturais e,
segundo, por causa da natureza das fontes, onde na sua maioria é composta de
diversas explicações possíveis, mas que não exclui o fato do homem desde o
início ser também um Homo-Religiosus. Os estudiosos do século XIX avaliando as diversas narrativas humanas sobre o
tema da criação pensavam que a construção do mundo por um ser supremo era
inerente a um estágio cultural avançado. Posteriormente, em novas pesquisas observaram
essa crença entre povos primitivos da África, ilhas do norte do Japão, América,
Austrália central e em muitas outras partes do mundo. A natureza do ser
supremo, que frequentemente é acompanhado de algum outro, hierarquicamente
inferior, difere de cultura para cultura. A criação se realiza mediante seu
pensamento, sua palavra - como na Bíblia e no Popol Vuh - e, às vezes, com
certo sentido de emanação, com seu calor e suor. Todos esses mitos, porém,
possuem características comuns: (a) o ser supremo é onisciente e todo poderoso;
(b) o ato de criação é consciente, deliberado, planejado e livre, já que a
divindade não fica vinculada à criação; (c) a divindade desaparece até que se
produza algum acontecimento catastrófico; (d) a criação é um paraíso que se
desfaz por causa de um pecado. Nas concepções míticas sobre a criação por um
ser supremo não cabe, no entanto, falar de criação a partir "do nada"
no sentido filosófico e religioso da expressão. Supõe-se nelas uma matéria -
geralmente o oceano ou as águas primeiras, consideradas como o caos - a partir
da qual se realiza a criação.
Em
seus deuses o homem encontrou a onipresença, a fortaleza, a beleza, a força, o
poder, a imortalidade,... Insatisfeito com sua natureza desde o passado remoto
imaginou e desenvolveu a reflexão, ou seja, a capacidade para traduzir em
símbolos a realidade material do mundo que o envolvia, e, percebeu que a vida é
marcada pela miséria e dor. Diante da sua incapacidade
de lidar com o mistério da vida, homens e mulheres começaram a adorar deuses
através de imagens, principalmente devido à natureza dos rituais pagãos na
adoração. Então, o fato da miséria, da dor, da mortalidade e demais fatores
característicos da sua natureza, conduziu a dificultar e querer aceitar a
realidade de ser capaz de criar, pensar e agir no mundo, porém, sendo condenado
à velhice e a morte. É como entender que o seu corpo é inadequado em relação a
sua capacidade intelectual, onde os seus sonhos, as suas vontades e desejos não
podem ser transformados, porque assim foi determinado, e, mesmo combatendo,
aceita-a como ela é. A vida é vista como um mistério, onde assim como a
respiração é o sopro dos deuses que cria, renova e vivifica. Segundo Chauí o
sagrado é uma experiência da presença de uma potência ou de uma força
sobrenatural que habita algum ser:
“O sagrado é a
experiência simbólica da diferença entre os seres, da superioridade de alguns
sobre outros, do poderio de alguns sobre outros, superioridade e poder sentidos
como espantosos, misteriosos, desejados e temidos. O sacralidade introduz uma
ruptura entre natural e sobrenatural, mesmo que os seres sagrados sejam
naturais (como a água, o fogo, o vulcão): é sobrenatural a força ou potência
para realizar aquilo que os humanos julgam impossível efetuar contando apenas
com as forças e capacidades humanas”, (Marilena, 1997)
Nenhum comentário:
Postar um comentário