quinta-feira, 7 de junho de 2012

DO CAOS OS HOMENS CRIARAM SEUS DEUSES (2)


             Muitos estudos da história da religião revelaram que o homem é um animal espiritual e, para defini-la a partir do contexto da antiguidade (período Pré-histórico), é necessário ter prudência. Primeiro devido à dificuldade que existe para classificar o fenômeno religioso através de simples testemunhos naturais e, segundo, por causa da natureza das fontes, onde na sua maioria é composta de diversas explicações possíveis, mas que não exclui o fato do homem desde o início ser também um Homo-Religiosus. Os estudiosos do século XIX avaliando as diversas narrativas humanas sobre o tema da criação pensavam que a construção do mundo por um ser supremo era inerente a um estágio cultural avançado. Posteriormente, em novas pesquisas observaram essa crença entre povos primitivos da África, ilhas do norte do Japão, América, Austrália central e em muitas outras partes do mundo. A natureza do ser supremo, que frequentemente é acompanhado de algum outro, hierarquicamente inferior, difere de cultura para cultura. A criação se realiza mediante seu pensamento, sua palavra - como na Bíblia e no Popol Vuh - e, às vezes, com certo sentido de emanação, com seu calor e suor. Todos esses mitos, porém, possuem características comuns: (a) o ser supremo é onisciente e todo poderoso; (b) o ato de criação é consciente, deliberado, planejado e livre, já que a divindade não fica vinculada à criação; (c) a divindade desaparece até que se produza algum acontecimento catastrófico; (d) a criação é um paraíso que se desfaz por causa de um pecado. Nas concepções míticas sobre a criação por um ser supremo não cabe, no entanto, falar de criação a partir "do nada" no sentido filosófico e religioso da expressão. Supõe-se nelas uma matéria - geralmente o oceano ou as águas primeiras, consideradas como o caos - a partir da qual se realiza a criação.
Em seus deuses o homem encontrou a onipresença, a fortaleza, a beleza, a força, o poder, a imortalidade,... Insatisfeito com sua natureza desde o passado remoto imaginou e desenvolveu a reflexão, ou seja, a capacidade para traduzir em símbolos a realidade material do mundo que o envolvia, e, percebeu que a vida é marcada pela miséria e dor. Diante da sua         incapacidade de lidar com o mistério da vida, homens e mulheres começaram a adorar deuses através de imagens, principalmente devido à natureza dos rituais pagãos na adoração. Então, o fato da miséria, da dor, da mortalidade e demais fatores característicos da sua natureza, conduziu a dificultar e querer aceitar a realidade de ser capaz de criar, pensar e agir no mundo, porém, sendo condenado à velhice e a morte. É como entender que o seu corpo é inadequado em relação a sua capacidade intelectual, onde os seus sonhos, as suas vontades e desejos não podem ser transformados, porque assim foi determinado, e, mesmo combatendo, aceita-a como ela é. A vida é vista como um mistério, onde assim como a respiração é o sopro dos deuses que cria, renova e vivifica. Segundo Chauí o sagrado é uma experiência da presença de uma potência ou de uma força sobrenatural que habita algum ser:

“O sagrado é a experiência simbólica da diferença entre os seres, da superioridade de alguns sobre outros, do poderio de alguns sobre outros, superioridade e poder sentidos como espantosos, misteriosos, desejados e temidos. O sacralidade introduz uma ruptura entre natural e sobrenatural, mesmo que os seres sagrados sejam naturais (como a água, o fogo, o vulcão): é sobrenatural a força ou potência para realizar aquilo que os humanos julgam impossível efetuar contando apenas com as forças e capacidades humanas”, (Marilena, 1997)

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