Paulo nos fala que
o justo viverá pela fé, que o homem deve querer viver pela fé. Vivendo pela fé,
teremos benefícios provenientes do viver pela fé. Agora, temos que aprender o
que é viver pela fé, você sabe? Preste atenção no trecho em Efésio 2.8 que
diz: “Porque pela graça sois
salvos, mediante a fé: e isto não vem de vós, é dom de Deus: não de obras, para
que ninguém se glorie.”completa o verso nove.
segunda-feira, 11 de junho de 2012
quinta-feira, 7 de junho de 2012
DEUS, A DÚVIDA E A JUSTIFICAÇÃO DE QUEM DUVIDA (2)
Por Rafael Jácome
Apesar
das diversas teorias e visões na filosofia dos conceitos de dúvida e verdade, é
bom ressaltar a ideia de Paul Tillich em sua “Justificação de Quem Duvida”, ele
nos fala que:
“A dúvida sincera não
separa de Deus, mas é expressão do fundamento da fé. Isto porque a dúvida
significa na verdade uma confissão na busca pela verdade. Como para o fiel toda
verdade tem de ser divina (se algo é verdade, não pode provir do “pai da
mentira”), toda verdade é, de fato, expressão da Verdade. Não pode haver duas
verdades, uma natural e outra sobrenatural. A dúvida, então, é expressão da
Verdade através do reconhecimento de sua ausência. (...) A dúvida é, pois,
inerente a fé, e não pode ser vencida por qualquer forma de repressão
cognitiva. Ela tem de ser vivenciada com coragem, e a coragem aponta para uma
vitória sobre a dúvida que engloba a manutenção da dúvida. Se nada da dúvida
permanecesse, a coragem não seria coragem. A vitória da coragem sobre a dúvida
é real, mas fragmentada.” TILLICH, A dinâmica da fé- p-16-9 e 65-6.
DEUS, A DÚVIDA E A JUSTIFICAÇÃO DE QUEM DUVIDA (1)
Por Rafael Jácome
Em
setembro de 1998 numa entrevista feita ao frei Leonardo Boff, no qual os entrevistadores Marina Amaral, Frei Betto,
Sérgio Pinto de Almeida, Ricardo Kotscho, Roberto Freire, Carlos Moraes, Chico
Vasconcellos, João Noro e Sérgio de Souza, entre tantas perguntas abordaram a
sua experiência com Darcy Ribeiro antes da sua morte. O diálogo estabelecido
entre os dois deixa claro o aspecto da dúvida na vida do homem e resume bem o
tema proposto:
P -
Como foi o momento com Darcy?
Leonardo Boff:
Digamos que foi a última grande conversa entre tantas que tive com o Darcy. Ele
disse: "Boff, quero ter uma conversa metafísica. Quero abordar a questão
da morte, o que vem depois da morte, e não tem nenhum interlocutor, entre os
meus amigos, que possa sustentar o discurso que eu quero". Fui lá uns
quinze dias antes de ele morrer, e ele se abriu: "Quero discutir com você
o tema da morte, porque estou enfrentando a morte, o meu último grande
desafio". Então me fez ler o prefácio do inédito Confissões (livro lançado
posteriormente), em que faz uma leitura de sua vida, não uma autobiografia, mas
fatos relevantes, luminosos da vida dele. E terminava o prefácio dizendo:
"Pena que a vida, tão carregada de lutas e fracassos, e vitórias, e
vontade de trabalhar, seja marcada por uma profunda desesperança, porque nós
voltamos, através da morte, ao pó cósmico, ao esquecimento, e ficamos na
memória, que é curta e só de algumas pessoas, e voltamos à diluição
cósmica". Então eu disse, ao terminar a leitura: "Darcy, acho que é
uma interpretação de quem vê de fora. É como você ver a borboleta, e ver o casulo.
Você pode chorar pelo casulo que foi deixado para trás e ver que ele morreu.
Mas você pode olhar a borboleta e dizer: "Não, ele libertou a borboleta, e
ela é a esperança de vida que está dentro do casulo”. (...) - Então eu
disse: "Darcy, no pensamento mais originário, contemporâneo, da biologia
molecular, no estilo Elya Prigogine, o caos é uma invenção da orbi, a morte é
uma invenção da vida, pra vida ser mais complexa, mais alta, e a tendência da
vida é buscar a sua perpetuação, a sua imortalidade. Darcy, deixa te dizer como
imagino a tua chegada, o teu grande encontro. Não vai ser com Deus Pai, porque
pra você Deus tem de ser Mãe, tem de ser mulher... (risos) Então tem de ser
Deusa. Imagino assim: que Deus, quando você chega lá em cima, vai dizer com os
braços abertos: ‘Darcy, como você custou pra chegar, eu estava com uma saudade
louca de você, finalmente você veio, você não queria vir, você teve de vir e
agora chegou’. E te abraça e te afaga em seu seio, e te leva de abraço em
abraço, de festa em festa...". E ele emendou: "De farra em
farra...". (risos) Eu digo: "Darcy, isso será pela eternidade
afora". Aí ele parou e me olhou de lado, assim como que interrogando, e
disse: "Como gostaria que fosse verdade! Minha mãe morreu cheia de fé e
morreu tranqüila, eu invejo você, que é um homem inteligente e de fé. Eu não
tenho fé. Como gostaria que fosse verdade". E aí lhe correu uma lágrima e
ele ficou silencioso, estremeceu e teve um acesso de diabetes, uma queda muito
grande de pressão e tiveram de levá-lo. E terminou assim a conversa. Eu ainda
disse antes de ele sair: "Darcy, não se preocupe com a fé, porque Deus não
se incomoda com a fé. Pelos critérios de Jesus, quem tem amor tem tudo. Então,
quando a gente chega na tarde da vida como você, quem atendeu os famintos como
você; crianças abandonadas como você; índios marginalizados como você; negros
que você defendeu; as mulheres oprimidas, desde o neolítico ninguém louvou
tanto a mulher quanto você – quem fez isso ganha tudo, porque optou pelos
últimos, por aqueles que estavam em necessidade. Quem fez isso tem o reino, tem
a eternidade, tem Deus. E você só fez isso". Ele respirou e disse:
"Puxa, mas tem de ser verdade". Mas não conseguia dar o passo, acho
que não importa dar o passo, acho que ele teve a coerência de vida, que foi
carregada de um grande sentido, de uma grande luta generosa”.
O PODER CRIADOR QUE EXISTE EM TODO SER HUMANO.
Por Rafael Jácome
Na
história das civilizações o homem buscou sua própria superação e inventou novas
oportunidades de sobrevivência e de relacionamento com o seu meio. Diante de
suas dúvidas criou ações impactantes formando novas segmentações nos movimentos
sociais, políticos, religiosos, culturais, sindicais e novas ordens sociais.
Basta ver dentro do contexto do cristianismo, nos movimentos monásticos, na
Inquisição, na reforma protestante ou ainda em movimentos religiosos como o
surgimento do islamismo e na propagação das seitas religiosas. Os grandes movimentos
surgem quando no sistema social são amadurecidas as condições econômicas,
sociais e culturais que provocam a efetivação da Nova Ordem. Max Weber utilizou
a expressão Estado Nascente para definir o carisma dos movimentos em sua fase
inicial. As transformações surgem a partir da idéia do indivíduo, desde uma
simples experiência, do modo de ver o mundo e se relacionar com ele e na
capacidade de mobilização do coletivo. O líder carismático, obsessivo, dinâmico
e sagaz não produz sozinho o movimento transformador na humanidade.
Do
indivíduo advêm as ações impactantes que se tornam coletivas. Dois ou três se
encontram, formam, organizam e começam a criar uma ação impactante em comum.
Assim ocorreram e ocorrem em todos os fenômenos históricos da humanidade, desde
o simples fato do enamoramento (é o estado nascente de um movimento coletivo a
dois) de um casal às lutas sindicais: algo se transforma de imediato e os
envolvidos largam tudo para vivenciar a experiência. Quem não é envolvido por
esta atmosfera de movimento brusco, imediato, explosivo, na qual o indivíduo
sente uma mudança interior e diferente do seu comportamento anterior, não fará
parte do processo. Isto acontece em todos os aspectos da vida do homem. Quando
isto não mais ocorre, as pessoas são tragadas pelo próprio desafeto e abandonam
os seus ideais.
DO CAOS O HOMEM CRIOU OS SEUS DEUSES (6)
Por Rafael Jácome
Nos séculos XIV, XV e
XVI com as crises sociais do período medieval e o surgimento da burguesia que
desestruturava as forças feudais e da igreja, o mundo teve que se reorganizar,
constituindo desta forma os Estados Nacionais, onde procuraram ampliar o
comércio através da expansão marítima em busca de novas rotas comerciais. No
entanto, as transformações não ocorreram somente na economia, mas também no
seio da igreja romana com o cisma da igreja Bizantina no mundo oriental, em
Constantinopla e por fim na reforma protestante liderado por Martin Lutero e um
grupo de alemães que protestaram contra os abusos do poder da igreja da época;
além disso, ocorreram enormes mudanças na cultura ocidental.
Para
desmistificar o poder da igreja medieval, surgiu o Humanismo, um movimento
intelectual que afirmava o homem como o centro de todas as coisas, ou seja,
tudo era obra do homem. No campo das artes, letras, filosofia e ciências, surgiu
o Renascimento com alto grau de teor de espírito crítico, onde a Razão apurava
a veracidade dos fatos e das informações contidas nos documentos da Antiguidade
Clássica. O homem era concebido como sujeito do conhecimento, como afirma
Aquino:
“Era ele quem iria apreender o objeto,
a realidade da qual faria representações... A partir do século XVII veio em um
crescente até os nossos dias: pode-se mesmo afirmar que a teoria foi assumida,
na modernidade, consciente e progressivamente, não mais como a visão geral
daquilo que se apresentava, mas como visão geral que se tinha da realidade, ou
melhor, a antecipação daquilo que se iria apresentar,... aquilo que o distingue
dos outros seres, a Razão, passa a ser o elemento supremo desse sujeito, uma
vez que é ela que confere a certeza, a verdade e a validade das
representações.” (Aquino, Rubim Santos Leão de, História das sociedades: das
comunidades primitivas às sociedade medievais – Livro Técnico, 1980)
As ciências desenvolveram-se
extraordinariamente, a idéia de progresso fazia com que o homem estivesse em
pleno movimento, de descobertas e rompimento das antigas instituições e
crenças. Deus era questionado e posto em dúvida, não aceito muitas vezes no
conhecimento humano. Surgiram grandes nomes da história da humanidade: René
Descarte fundamentou o racionalismo, Bacon, Locke, e alguns iluministas do
século XVIII desenvolveram o empirismo; A Teoria Moderna foi sintetizada por
Newton no domínio da realidade física, através do Método Experimental; Kant e
demais iluministas no domínio da realidade humana e social, para determinar as
leis naturais e provar a importância das liberdades individuais. Mais adiante,
no século XIX, surgiu o método Científico onde alguns dos seus representantes
eram Dilthey, Karl Marx e Friedrech Engels. Com a intensificação do
Nacionalismo, do imperialismo e do colonialismo, os interesses econômicos e
políticos eram ditados pelos governantes. Foi assim que surgiu, através de Karl
Marx, o Materialismo Histórico como teoria e recorria-se ao Método Dialético –
tendo por base o nível econômico como fator determinante das transformações na
vida dos homens.
Paralelamente a tudo isto, as
religiões buscavam formas para conseguirem manterem-se no poder, elas também
deveriam passar por transformações e foram acompanhando sempre o pensamento
dominante, muitas vezes fugindo dos seus papéis transcendentais e divinos. Nas
três maiores religiões monoteístas: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, as
crises foram instauradas entre os seus seguidores, muitas vezes descrentes dos
seus próprios papéis dentro do contexto atual da humanidade, no processo de
integração entre as várias economias e sociedades dos vários países,
especialmente no que se refere à difusão de informações, na busca de um mundo
de paz, amor, esperança, caridade, salvação, perseverança,... Diante da própria
incapacidade humana de não encontrar respostas aos seus principais conflitos, e,
com o avanço tecnológico adquirido, o homem ainda não é capaz de construir a
sua própria história universal, sem ser diferenciado dos muitos modelos
construídos tempo atrás. Ainda hoje através da religião ele disputa por
espaços, por mais fiéis, patrimônios,
doutrinas, costumes, e muitas vezes proporciona “guerras santas” para perpetuar
seus poderes. A cidade bíblica de Jerusalém ilustra bem esta realidade,
conforme declara Armistrong:
“A velha Jerusalém
continua dividida entre as três religiões que lutam entre si pelo domínio
territorial da cidade: Yerushalayim, santa para os judeus, Jerusalém, santa
para os cristãos e Al Qods, santa para os muçulmanos” ( Karen).
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